Quando pensei em transcrever meus pensamentos sobre a amizade literária para Marginália fiquei receoso por dois motivos, a saber: o primeiro é que não sou escritor, não tenho nenhum livro publicado e nem em andamento, não tenho coluna em jornais, revistas, não sou conhecido no mundo dos amigos literários e nem em lugar algum; o segundo motivo é de ordem pessoal mesmo, fiquei a me indagar o motivo de não aceitar essas amizades ou de aceitá-las, confesso que a nada cheguei de conclusão, por isso resolvi escrever.
De fato não ajudarei muito ou em quase nada aos leitores que buscam uma resposta para não cultivar as amizades literárias, bem como não darei caminhos para os que pretendem “crescer” no mundo literário sem se prender a uma rede de amigos das letras. Antes, as palavras aqui são menos conselhos e diretrizes do que indagações deste autor.
Não entendo muito por qual motivo uma pessoa que escreve romances, contos, poemas, crônicas, teatro e outros gêneros não aceite de bom grado as críticas, por outro lado entendo muito menos os que se abstém de emitir palavras de juízo sobre obra a pretexto de cultivar a amizade literária e fortalecer grupos de escritores. A literatura é um trabalho solitário que em muitos casos só um espectador toma conhecimento, o Eu. Mesmo escrevendo dentro de grupos literários a escrita não é do grupo, ela pertence ao Eu, claro que este “eu” pode se tornar coletivo e ser associado ao grupo, mas ainda sim é fruto de um trabalho em solidão.
Hoje este trabalho solitário da escrita, muito antes do conhecimento do grande público e do crivo da crítica, já é consagrado como uma grande obra dentro dos grupos literários; eles são autores e críticos da sua própria produção, os círculos de amizade literária parecem ter essa função, eles não discordam uns dos outros, não há uma crítica que aponte um “erro vital”, tudo é perfeito, em todos.
Por outro lado os críticos que estão fora dos grupos literários também se omitem a apontar o “erro vital” de uma obra, quem aponta é taxado de polemista ou desentendido de literatura. E assim vamos continuar a “aplaudir” as obras dos amigos literários, que falta fazem os “inimigos” que discutiam literatura no bar.
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