Já passava da hora de minhas férias acabar e voltar para Marginália. Com tanta coisa acontecendo eu resolvi tirar férias, e foram mais
de um mês, mas cá estamos de volta num novo ano. Neste período travei alguns
contatos e retomei outros, sobretudo na mesa de bar, e por favor, não me tomem
como alcoólico.
Pois bem, por essa estrada e contatos não
poderia deixar de comentar aqui sobre o artista e seu engajamento social, toco
neste assunto já que foi recente a temática tratada com meu colega escritor
Bruno Paulino. Para minha surpresa dias após essa discussão tomo conhecimento
que um texto meu havia sido publicado num e-book na Dialogarts da UERJ, e o
assunto do texto era sobre Lima Barreto e sua concepção de arte como
engajamento social, deixo aqui alguns trechos do texto:
“Na obra de Lima Barreto a presença humana se mostra em
toda a dimensão dos problemas do homem, sejam problemas de relações sociais ou
pessoais, eles devem ser tratados pelo artista, eis a meta do artista, sua
função social: o artista ou intelectual deve ter o compromisso com o sentimento
de humanidade em sua obra. Era assim que Lima Barreto pensava que deveria ser o
papel do artista na sociedade, ele deveria ter uma função social em que o
“pensamento de interesse humano” deveria ser superior à forma, estilo,
gramática ou ritmo da obra.”
Para o escritor mulato de Todos os Santos há
de se ter o “pensamento de interesse humano” na arte; aqui me lembro do meu
amigo, poeta e músico, Dandy, que sempre diz “quanto mais unidos, mais humanos
seremos”. A arte, para ser arte, e não quero aqui conceituá-la, nos une, nos
faz entender o mistério que é o universo, o ar, o mar, o homem, o eu, o outro, enfim,
ela nos liga a Deus. A filosofia Estoica diz que é preciso haver “simpatia”
entre as partes que formam o universo, essas partes somos todos nós (natureza).
Spinoza já dizia “Deus sive Natura”, Deus e Natureza são a mesma coisa, então
não pode haver rupturas entre as partes da Natureza, pois nos afastaríamos de
Deus. Aqui entra Lima Barreto que vem nos chamando, por meio de sua arte, para comungarmos
com os outros e chegar a Deus. Aristóteles já dizia “o amigo é um outro [em
si] mesmo”.
“Podemos perceber que para o autor [Lima Barreto] só a
Arte seria capaz de assegurar a totalidade, seria ela que elevaria o homem, por
meio de sua individualização, ao Universo. Isto só é possível porque há simpatia
no homem e em sua relação com o mundo e com os homens, e para Lima Barreto é
este o sentimento que o intelectual deve cultivar, o sentimento maior e sublime
de humanidade que é de com-sentir (sentir-se existir com o próximo, sentir
junto a existência) com todos.”
Deixo aqui essas palavras de Lima Barreto
como forma de reflexão sobre a arte, sua importância e nosso dever:
“O homem, por intermédio da Arte, não fica adstrito aos
preceitos e preconceitos de seu tempo, de seu nascimento, de sua pátria, de sua
raça; ele vai além disso, mais longe que pode, para alcançar a vida total do
Universo e incorporar a sua vida na do Mundo.”
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