quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Da marginalização do negro na obra de Lima Barreto*


Lima Barreto fora um escritor, mulato e morador do subúrbio carioca que tivera a ideia, quando jovem, de escrever sobre a “História da Escravidão no Brasil”, ideia essa que só ficara no seu diário. Entretanto, se o escritor não conseguiu concretizar sua ideia escrevendo a história da escravidão brasileira, ele logrou o êxito no romance “Clara dos Anjos”. Este romance começou a ser projetado em 1903, como tá registrado no seu diário íntimo, e só veio a ser publicado em definitivo em 1923, inicialmente parecia uma problematização sobre o negro que continuava a ser marginalizado mesmo após a queda da monarquia em 1889. Apesar das mudanças do romance publicado em 1923, mudanças essas em que Lima Barreto abandona uma escrita histórica da exploração e marginalização do negro no Brasil, permanece ainda o cerne da ideia inicial, se não histórica, mas contemporânea da marginalização que o negro continuou a sofrer no período já republicano. O enredo da mulata, Clara dos Anjos, que é seduzida, sarcasticamente na data 13 de maio de 1888, por um homem branco e depois abandonada, tendo sua filha o mesmo fim, não é simplesmente uma ironia de Lima Barreto, é a representação de uma imagem latente na República Velha: mesmo com o progresso incrementado pela belle époque a questão do negro, sua condição socioeconômica e seu lugar na sociedade republicana ficaram em segundo plano, sendo renegado, marginalizado, e ainda, explorado nos subúrbios.


* Este texto, inicialmente produzido como resumo para publicação, nunca fora desenvolvido e nem apresentado no Seminário sobre estudos culturais e afro-brasileiros que ocorreu esse ano na Paraíba, mas o resumo, como aqui postei, foi publicado em João Pessoa no caderno de resumos do evento. Compromisso tenho de escrever sobre a marginalização do negro, não de forma histórica, mas contemporânea como Lima Barreto pretendia.

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