segunda-feira, 18 de julho de 2011

Xepa da Feira

Foto por Thiago Queiroz de Andrade - Via


Dentre tantas coisas que a nossa Imprensa não divulga, e nem se importa, pois não gera polêmica que garanta público ávido por baixezas de todos os tipos, são as feiras literárias, muito comuns e divulgadas, no espaço restrito e aquartelado das universidades, em periódicos. Porém há uma feira literária que propaga muito bem seu marketing nos meios midiáticos, a FLIP. Será que a equipe da imprensa anda tão interessada na literatura, na educação pelas letras e quer expandir isto pelo Brasil afora? Ou é somente um lugar, um evento, uns dias em que o mercado editorial literário busca alguma polêmica para movimentar nossa escrita tão parada, tal qual o texto desde autor que aqui se segue? Ou ainda pode ser um espaço reservado para os figurões intelectuais darem o ar de sua graça e intelectualidade, espaço de atores, atrizes, jornalistas, elite literária aparecerem na cidade paradisíaca de Paraty? Vai saber... bem, como vai saber se as pazes que o Prosa & Verso diz ter ocorrido entre a Flip e João Ubaldo é realmente paz ou, antes, volta à midiatização literária, pois a quantidade de textos que se seguiu quando Ubaldo falou não gostar do Guimarães Rosa é ridícula, parece que no Brasil o escritor, por ser escritor, não pode em momento algum discordar de um autor canonizado pela Academia e pela mídia, coisa de elegância literária? Não, isso é motivo mesmo para escrever o que não se tem para escrever. Quanta coisa, quanta letra, quanta asneira escrita por causa do gosto de João Ubaldo que também é leitor. Outro caso curioso na fliperatura foi o curador, ele por si só, o Sr. Manuel da Costa Pinto, já é uma polêmica... Nazismo... Nazismo... O que é ser nazista ou ter atitude nazista mesmo? É se enfadar com pergunta longa, demorada, quase um ensaio, e de objetiva nada? Pois foi isso que o cineasta francês Claude Lanzmann fez, se enfadou com as perguntas tão toscas, deve ter se perguntado se realmente estava num evento literário... por outro lado a atitude de Lanzmann não fora nada gentil, detestável. Bem, se ser nazista ou ter atitude nazista for isso todos nós somos nazistas em algum momento da vida. O pior é sair jogando palavras por aí... Nazista... Nazista! e me pergunto quando o curador aceitou que o escritor italiano Antonio Tabucchi, que se recusou comparecer na Flip devido ao caso Battisti, falasse sobre este caso na mesa da forma como quisesse, o que é isso, além do desespero? Nazista, fascista, sem cultura, falta de patriotismo, é o que mesmo a atitude do senhor curador? Ainda bem que Tabucchi fora mais elegante e recusou o convite infame do curador. As feiras literárias são importantes para o desenvolvimento da literatura no Brasil e também sua expansão como arte digna de ser estudada e lida no exterior, mas creio – pobre crença de escritor de subúrbio – que devemos incentivar as feiras como meio de levar conhecimento e literatura aos diversos interiores, não como uma feira que reúne intelectuais e alguns escritores internacionais, uns de nomes, outros de escrita, para satisfazerem seus egos, mídia e curadores que forçam à leitura com polêmicas tolas. Fácil fazer polêmica quando não se encara a literatura. Mas ainda acredito nas sábias palavras de Lima Barreto quando este dizia que não é preciso barulho dos jornais para um livro ser lido, “há um contágio para as boas obras que se impõem por simpatia.”

Campo Grande, 15 de julho de 2011.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer mais?